quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Há cada explicação....

Há dias, a propósito da polémica das grandes melhorias na performance do ensino, que alguns ligaram ao "aconselhamento" aos professores para que não houvesse retenções (agora não se chama chumbo por razões ecológicas relacionadas com a nocividade dos metais pesados...), um senhor ministro, que se intitulou professor catedrático, veio negar quaisquer interferências do governo em tais matérias, mas defender o fim das retenções.

Dizia o senhor ministro haver um estudo que demonstrava que os alunos que estavam num ano escolar correspondente à sua idade eram melhores alunos que aqueles que estavam num ano escolar atrasado em relação à idade, concluindo-se que os segundos não eram bons alunos por terem sido retidos, colocando-os em anos atrasados.

BRILHANTE!!!!! Os alunos que estão em anos escolares correspondentes à sua idade não estão lá por serem bons alunos. São bons alunos porque estão lá!!!!!

Concluía o senhor ministro que, se evitássemos as retenções, colocando todos os alunos nos anos correspondentes à sua idade, acabaríamos com o insucesso escolar. Notável!!!

Seguindo o raciocínio do senhor ministro, se dermos a um licenciado em direito um certificado de doutoramento em física nuclear, corremos o risco de ter um prémio Nobel da física.

Para ajudar a dar-nos um nó na inteligência, vêm agora os senhores das petrolíferas explicar que os combustíveis aumentaram imediata e brutalmente devido ao aumento dos preços do petróleo, sendo irrelevante para o caso a queda livre do dólar em relação ao euro. Já quando os preços do petróleo baixam drasticamente, os combustíveis não podem baixar imediatamente devido à pequena subida do dólar em relação ao euro.

Então em que ficamos? A fórmula só funciona num sentido? A relação euro-dólar só é relevante para baixar os preços?

Para rematar as explicações esfarrapadas, parece que o governo não quer considerar na carreira de técnicos superiores (licenciados) os enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica, cujos cursos são de licenciatura.

Porquê? Será por causa do título genérico de "doutor", usado abusivamente pelos licenciados em geral? Depois haveria confusões com os médicos, farmacêuticos e outros? Então e o "respeitinho"?

Será que há licenciaturas de 1.ª e de 2.ª?

Desculpem estes desabafos, mas tenho a sensação de que, ou me andam a tentar vigarizar ou estou atacado com o síndroma da PDI.

2 comentários:

Nuno Guimas disse...

Há pessoas muito mal intencionadas :). Qualquer dia até vens dizer que um certo Engenheiro que até chegou a PM só lá chegou porque foi aplicado o tal principio do "bem, ele já tem idade para ter o diploma, portanto vamos lá arranjar-lhe um". É evidente que ninguém quer acreditar neste facto, puramente ficticio certamente, embora pudesse eventualmente ser enquadrado no tipo de politica de educação agora defendida ;). Quanto às empresas petroliferas, como ousas pôr em causa a credibilidade de tão séria gente? É evidente que o que eles protagonizam é uma melhoria das condições ambientais, mesmo perdendo com isso toda e qualquer hipótese de obterem lucro. Passo a explicar... como qualquer acontecimento externo acaba por ter sempre a mesma consequência, ou seja, o aumento dos preços dos combustiveis, existirá forçosamente uma evolução exponencial que levará a um ponto em que ninguém consegue pagar a gasolina ou gasóleo necessária. Nesse dia todos nós passaremos a andar de bicicleta, ou a pé, contribuindo assim para uma melhoria das condições ambientais no planeta. Pronto. Tá explicado :).

Guimaraes disse...

Nessa ocasião melhoraremos a nossa saúde, devido ao exercício, e aumentarão os empregos na indústria da sapataria e afins.
Melhoram as condições ambientais, melhora a saúde dos cidadãos e diminui o desemprego...
Esta gente merecia a Ordem de Benemerência!