sexta-feira, 25 de julho de 2008

A culpa é do computador....

Esta utilíssima feramenta que é o computador passou a ser o bode espiatório de muita incompetência e cobardia no nosso país.

Devo esclarecer que considero o computador uma ferramenta, como a esferográfica, com potencialidades abissalmente maiores, embora em termos de inteligência seja tão dotado como um carro de bois. É uma simples peça de ferramenta e mais nada!

O que nos dá depende do que nós introduzirmos e do programa.

O que se passa é que, desde que se vulgarizou a sua utilização, se aparece uma conta de 1.000 € de portagens da Via Verde a um cidadão que nunca teve carro, logo se diz que a culpa é do computador e que o cidadão terá de pagar, reclamando depois no exercício dos seus direitos (?) democráticos e civis, etc., etc., etc. Ninguém assume que se trata de uma crassa asneira de quem introduziu os dados, ou do programa, e corrige imediatamente o erro.

Se uma professora quer emendar um formulário de concurso porque necessita de estar próximo de um filho gravemente doente, respondem-lhe que não pode porque o computador não permite essa alteração. Ninguém assume a responsabilidade de alterar uma situação humana, talvez para obter o tal "excelente" dos "yes-people".

Se alguém cometeu um erro, por má interpretação das instruções, no preenchimento do IRS, é condenado a pagar milhares de euros, sem ser ouvido e, quando esclarece e emenda a situação e solicita o não pagamento, é-lhe respondido que tudo é feito em computador, que terá de pagar no curto prazo dado (não interessa se pode ou não!) e depois de um longo processo se decidirá se lhe é devolvido ou não. Ninguém quer arriscar pensar, talvez em busca do tal "excelente"....

Se se extingue um serviço público (DGV), se dispersam os funcionários experientes e se criam 2 organismos com pessoal inexperiente e, neste movimento, se cria uma enorme confusão em que se perdem 42.000 processos de cartas de condução, obviamente que a culpa só pode ser do computador....

Em resumo, muita gente abdicou de pensar, passando as responsabilidades para o computador.

Sendo assim, poderíamos substituir alguns ministros e altos funcionários por computadores, talvez com ganhos em termos de sensibilidade humana, seguramente em termos de economia e possivelmente ainda de inteligência!