quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Vamos falar de trabalho

Ultimamente temos sido bombardeados com as mais diversas medidas e propostas, tanto governamentais como de privados, sobre tempos de trabalho, vencimentos, despedimentos, etc.
Nunca se fala é da essência e dignidade do trabalho. É dessa abordagem diferente que quero tratar.

O trabalho é um factor e componente dos custos de produção como as matérias primas, a energia, os equipamentos, a água, os impostos, etc. O trabalhador vende trabalho como a EDP vende energia eléctrica ou a Galp gasóleo.

Como os outros componentes, o trabalho também tem o seu valor intrínseco, independentemente do produto final em que foi incorporado. Se se calcula o valor de um equipamento ou da unidade de energia, por que não determinar o valor do trabalho? Então qual será o valor do trabalho de alguém?
O valor do trabalho também é um somatório de diversos componentes. Vejamos:
- Os custos inerentes à presença do trabalhador no local de prestação do trabalho, como transportes, vestuário e todos os custos inerentes à sua manutenção, que podemos descrever como "saúde", na definição da OMS (alimentação, cuidados de saúde, habitação, bem estar pessoal e familiar).
- Os custos de formação do trabalhador para ser capaz de desempenhar a actividade, desde a formação académica às diversas formas de formação profissional.
- Os impostos que o trabalhador pagará relativamente ao pagamento do seu trabalho.

Com estes custos poderemos chegar ao valor mínimo possível do trabalho de alguém. Claro que esta determinação não é fácil, pois cada elemento tem um peso diferente no cálculo.
Este será o valor mínimo por que cada trabalhador deverá vender o seu trabalho. A negociação do valor final será como qualquer outra, onde o vendedor pretende o maior valor possível e o comprador o menor.

Vendo as coisas por este prisma, não posso aceitar a situação actual, em que governos e patronato pretendem estipular unilateralmente o valor do trabalho de cada um. Com que direito? Será que também se atrevem a impor os custos dos outros factores de produção?