domingo, 17 de maio de 2009

O Manual do Aplicador

Ouvidas as notícias sobre a indignação da FENPROF relativamente a um Manual do Aplicador para utilização dos professores encarregados de vigiar as provas de aferição dos 4.º e 6.º anos, achei exageradas as críticas e busquei na NET o dito manual. Não encontrei o de 2009, mas encontrei o de 2007. Obra notável!

Não se limita a ser um protocolo de procedimentos, que defendo na maioria das situações nas empresas, mas mais parece o script de uma peça de teatro.

Nos textos sombreados a amarelo proíbe-se o professor de tentar interpretar o que vai ler, limitando-se a ler exactamente o que é apresentado ao longo do manual.

De facto, dada a conhecida indigência cultural dos professores, seria demasiado esperar que soubessem interpretar tão rebuscados conceitos!

Mais à frente, noutro sombreado amarelo, proíbe-se o professor de ler o conteúdo da prova. Mais uma vez o autor defende o professor de se embrenhar em conceitos que ultrapassam muito as suas capacidades.

Só noto uma falha no manual: O script não contempla que o professor diga "bom dia" quando encontra os alunos à porta da sala às 9 horas e 45 minutos. É que, broncos como se sabe serem, certamente não terão tal amabilidade!

Se os "lá do alto império" me permitem uma opinião, direi que, dada a altíssima qualidade do manual, o professor passa a ser um elemento supérfluo na questão e gerador de despesas inúteis no processo.

Se é para reproduzir textualmente o que diz o manual sem o interpretar e vigiar horários e procedimentos, seria muito mais económico instalar um robot e um sistema de vigilância electrónica controlados por um vigilante de uma empresa de segurança.

As vantagens seriam consideráveis:
- O vigilante ganha muito menos que um professor
- Dava-se mais trabalho às empresas privadas, lutando contra a crise
- Os robots ainda não fazem greves
- Podia haver na porta uma célula de medida das dimensões das vestimentas
- Podia ser gravada a voz da sr.ª ministra, evitando assim qualquer possível desvio em termos de entoação da leitura.

Estavam à espera que eu criticasse o manual, era?!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A agressão e os culpados

Claro que me refiro à agressão e insultos de que foi vítima o Prof. Vital Moreira na manifestação de hoje da CGTP.

Quem são os culpados?

No coliseu de Roma, quando os cristãos eram lançados aos leões que os estraçalhavam, os culpados eram o leões?

O sr. Professor nos posts dos últimos anos do seu blogue, sem direito a comentários, tem dito dos professores, dos enfermeiros, dos médicos, dos funcionários públicos em geral e de toda a gente que não diz amen ao sr. engenheiro, o que Maomé não disse do toucinho.

O PS, convidado a fazer representar-se na manifestação onde estavam maioritariamente os ofendidos pelo senhor, em vez de mandar alguém menos agressivo, foi logo mandá-lo a ele. Era previsível que não seria bem recebido. Não se estava na Assembleia, onde mentira se diz eufemisticamente inverdade. Estava-se com gente habituada a chamar os bois pelos nomes. Aconteceu!

Não estou de modo algum a justificar a agressão, que nunca será método democrático e civilizado de resolver os diferendos, mas que às vezes apetece... apetece!

Quem semeia ventos... colhe tempestades!

A gripe - Um procedimento exemplar

A ameaça da gripe, agora classificada de A para descanso dos pobres suínos, caiu nos noticiários como a proximidade do juizo final.

Falou-se da probabilidade de dezenas de milhões de mortos, enfim, uma catástrofe!

Do governo esperava-se, e alguma imprensa exigia, daquelas acções de grande espectáculo, que dão sempre a ideia de grande eficiência. Por exemplo, o governo egípcio mandou abater todos os porcos do país. Como os porcos nada tinham a ver com o assunto, a não ser o nome do virus, aí está uma acção espectacular, mas perfeitamente estúpida.

Estou-me a recordar do relativamente recente caso da gripe das aves em que, para dar ideia de grande preocupação, se ordenou a existência de salas de "isolamento" em todas as urgências hospitalares. Como uma sala de isolamento é uma unidade complicada impossível de fazer em poucos dias e, mesmo assim, implica grandes verbas, chamou-se "sala de isolamento" a uma qualquer sala em que a porta se pudesse manter fechada. Aqui está um exemplo de uma grossa asneira de grande impacto mediático.

Ao contrário, a nossa ministra da Saúde, com a serenidade que lhe é peculiar, organizou um esquema funcional e eficaz, sem alardes nem populismos mediáticos, que podem dar grandes títulos mas também originar enormes asneiras.

Organizou-se a resposta em 4 centros devidamente equipados, diminuiu-se a possibilidade de contágio afastando as pessoas das perigosíssimas salas de espera das unidades de saúde, assegurou-se o acesso a toda a gente com ambulâncias próprias e infundiu-se a calma e a confiança fundamentais em casos destes. E fundamentalmente mantém-se a população devidamente informada e vai-se adequando a resposta às solicitações da situação.

Grande exemplo para outros ministros...