domingo, 1 de junho de 2014

Um fim de semana oficinal

Neste fim de semana tive, através do acompanhamento do meu neto, a oportunidade de sentir que, no meio de toda esta desgraça em que o mundo vive, ainda há uma réstia de esperança num futuro mais risonho.
Ontem foi o concerto de fim de ano lectivo da Oficina de Música de Aveiro, de que o meu neto é aluno, com apresentação das várias áreas de formação musical e teatral, sempre com grande qualidade, tanto na organização do espectáculo como no desempenho dos diversos participantes. Foram 2 horas bem passadas e saí com o sentimento de que a cultura não estagnou e que novos valores continuarão a surgir.
Hoje, dia da criança, fomos encontrar num centro comercial o pessoal da Fábrica - Centro de Ciência Viva de Aveiro, com 3 "oficinas" - Planetário, Física e Química - a fazerem divulgação científica com grande empenho e interesse da pequenada. O Planetário tinha uma sessão de 30 minutos, onde se explicava a história e funcionamento do Universo. Na Física, mais divertido, faziam-se demonstrações explicadas da electricidade estática, com uma máquina de Van der Graaff a provocar que os cabelos da pequenada ficassem em pé perante o gáudio geral, com uma roda de bicicleta se explicavam os momentos de rotação, base dos giroscópios dos pilotos automáticos, entre outras aplicações, com um jacto de ar e uma bola a comprovar o teorema de Bernoulli, que justifica a sustentação do voo dos aviões, e uma máquina de escrever binária, onde os miúdos escreviam os seus nomes em código binário, a partir de uma tabela exposta. E fiquei a pensar que o meu neto de 7 anos estava a escrever com toda a facilidade em código máquina, de que o avô só teve conhecimento na universidade.
Enfim, foi um fim de semana que me renovou a esperança num futuro, pertencente àqueles miúdos, que espero seja muito melhor que o nosso presente.
Obrigado aos que nos proporcionaram estas emoções!

domingo, 19 de janeiro de 2014

A máquina do tempo

Em 1991 um grupo de portugueses, principalmente professores, a trabalhar em Macau formou um grupo de música e danças tradicionais portuguesas e de Macau, que tomou o nome de Grupo de Danças e Cantares do Clube de Macau. À frente do movimento estiveram os professores Raul Ferreira, nos aspectos organizativos e Abel Moura nos aspectos musicais e artísticos. Com o decorrer do tempo outros interessados se foram associando ao grupo, gente das mais diversas profissões e origens étnicas, no fundo representando o mosaico social que se observa em Macau. Foram-se associando europeus, brasileiros, macaenses, goeses, chineses, africanos, timorenses e filipinos.
O governador de Macau considerou a ideia com interesse e o grupo passou a representar culturalmente Macau e Portugal em diversos eventos, tanto em Macau como na China, Japão, Tailândia, Coreia do Sul, Singapura, Malaca e Goa.
Claro que, como já dizia Fernão Mendes Pinto, quando há portugueses fora do país, logo alguns hostilizam os outros, e apareceram uns mete-nojo, que em Lisboa andavam de carro eléctrico e em Macau passaram a andar de carro preto oficial, a hostilizar os participantes, dizendo que eram gente a que fugia o pé para o chinelo e que representavam a cultura do pastel de bacalhau. Portuguesices...
Com a devolução de Macau a China o grupo passou a denominar-se Grupo de Danças e Cantares de Macau e lá se mantém, mantendo a sua diversidade social e étnica e o apoio do governo da Região Administrativa. A maioria dos portugueses, que estavam requisitados a serviços públicos de Portugal, regressaram à origem e hoje estão espalhados por todo o território, encontrando-se de vez em quando.
Foi o que aconteceu ontem em Quiaios. Tudo começou como todos os encontros do género, com abraços de amigos que não se encontram há anos, recordação de acontecimentos, etc. Como se trata de gente de bom comer e beber, há um verdadeiro pic-nic, onde cada um traz petiscos da sua região ou aquela iguaria que faz das terras onde fez mundo.
Entretanto o amigo Abel rapa do acordeão e começa a funcionar uma verdadeira máquina do tempo. Esquecem-se os mais de 60 anos, as gargantas afinam, as articulações rejuvenescem 20 anos e começa uma sessão de descantes e danças a recordar os velhos tempos. Este ano associou-se na festa o magnifico grupo coral da Figueira da Foz Canticus Camarae, que passará a fazer parte de futuros encontros. O Grupo da Figueira cantou belíssimas obras do seu repertório, acompanhadas ao piano e flauta transversal, a que nós respondemos com a macaense Bastiana, em Patuá, o Trigo Loiro e outras danças e cantares, tendo ainda em conjunto cantado A Banda do Chico Buarque.
Agradecemos ao Raul e a Jacinta o terem sido anfitriões com a simpatia que lhes é peculiar.
Foi lindo e para o ano há mais...