quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Uma ajudinha ao sr. primeiro-ministro (3) - O TGV

Entre as grandes confusões geradas pelas declarações dos senhores membros do governo e demais políticos do PS está o projecto TGV.

Todas as explicações dadas são óptimas razões para não se construir tal projecto. Parece que andam afanosamente a praticar o seu desporto preferido - o tiro no pé!

Ora vejamos o que se argumenta:
1 - Se os espanhóis têm, também nós temos de ter! Ora aqui está um argumento parolo, provinciano, saloio, bimbo. Um verdadeiro atentado à inteligência!
2 - Leva os passageiros em menos meia hora de Lisboa ao Porto e menos umas duas horas de Lisboa a Madrid, sendo complemento ao novo aeroporto. Também não é explicação inteligente para justificar tal encargo.

Vejamos agora o que deveria ter sido feito.

Deveria ter sido explicado às pessoas (a grande maioria leiga em matéria de economia de transportes) que, para aumentar a competitividade das nossas exportações, devemos utilizar todos os meios de transporte de modo sinérgico e complementar, sendo que, em termos terrestres, o ferroviário é o mais económico e ecológico.

Por outro lado, a nossa rede ferroviária, com mais de 100 anos, está superlotada e sem ligação para além de Espanha (enquanto tiver compatibilidade com Espanha), por diferença das bitolas (largura entre carris) com as restantes redes europeias.

As contas de superlotação, por exemplo da linha do Norte, são muito simples de fazer: a diferença de tempo mínima de segurança entre dois comboios é de 2 minutos, o que leva a que não possam passar num troço de via mais de 30 comboios por hora, o que daria, sem paragens, 720 comboios por dia. Ora, com todas as paragens dos ronceiros urbanos e regionais, já lá passam 600 comboios por dia. Mais é muito difícil!

A dr.ª Ana Paula Vitorino tentou explicar isto, mas depressa se calou. Se calhar foi repreendida por estar a tirar os pés da linha de tiro...

Visto haver vantagens na utilização do transporte ferroviário e estar demonstrada a sobrelotação das vias existentes, é óbvia a necessidade de construir novas vias para a circulação das mercadorias.

A construirem-se novas vias, claro que serão com ligação às redes europeias e visão nos comboios de alta velocidade do futuro e não para os ronceiros a vapor do sec. XIX.

É esta a grande questão! Se passa lá ou não o comboio de passageiros que leva uns senhores de Lisboa a ir tomar café ao Porto em menos meia hora é supérfluo e irrelevante.