terça-feira, 4 de setembro de 2007

Educação feudal

O Ministério da Educação acabou de dar mais uma prova de actuação com desprezo pelos professores, numa atitude que só pode classificar-se de feudal. A Senhora dispõe e os servos (atentos, veneradores e obrigados) executam.
Aconteceu com o concurso de colocação de professores, cujos resultados saíram cerca das 21H00 do dia 31 de Agosto, sexta-feira. Os professores deveriam apresentar-se nos locais que lhes foram destinados na manhã do dia 3 de Setembro, segunda-feira seguinte.
Muitos teriam de se deslocar muitas dezenas, até centenas, de quilómetros das suas residências, para terras de cuja existência provavelmente nem desconfiariam.
Trata-se de gente, provavelmente com família, cuja deslocação implica procura de alojamento, colocação dos filhos em escolas e creches, etc.
Claro que nada disto afecta os dirigentes do Ministério da Educação, residentes em Lisboa (os que são da "província" nem querem que lhes lembre!), para quem o país só existe entre a Ota e Alcochete. Dentro deste espaço, dada a proximidade, não existem os problemas citados.
Por outro lado, os professores são uma classe perigosa, que apresenta o risco de alguns quererem ensinar os alunos a pensar.
Sabemos que foi o pensamento do Renascimento que acabou com o feudalismo.
Assim, estas atitudes autoritárias e prepotentes do Ministério da Educação parecem ser uma reacção de auto-defesa de uma classe política que se imagina a viver nos tempos feudais.