quinta-feira, 18 de março de 2010

Insegurança nas pescas

Nos últimos tempos têm-se sucedido acidentes com barcos de pesca, uns artesanais outros com certa sofisticação, com a infeliz consequência da morte de vários pescadores.

Uma das características comuns a estas mortes é a falta de uso de coletes de salvação por parte dos pescadores. Entrevistado por uma televisão um pescador disse que os barcos tinham os coletes por ser obrigatório, mas que ninguém os usava por ser impossível trabalhar com eles vestidos. E mostrou um dos coletes. De facto, com aquilo vestido nem um café se consegue tomar em condições e muito menos trabalhar. Mais disse que os coletes bons eram muito caros e, se o governo quisesse que os usassem, que desse subsídios para isso.

Ora cá está uma das causas de muitos acidentes nos mais diversos domínios, desde casa à estradas, construção civil, oficinas, etc. Há a ideia de que o material de segurança, incluindo o simples cinto do carro, só se usa para agradar aos fiscais e não para salvar a nossa vida. Também está nessas declarações a ideia de que o governo tem de pagar as actividades privadas. Lembrei-me logo dos táxis a exigirem sistemas de protecção que não querem pagar, etc. Não me admira que a seguir se insurjam contra a existência dos serviços públicos que pagariam os tais subsídios...

Intrigado com a história dos coletes, fui à Net procurar os preços dos fatos insufláveis para uso profissional e encontrei-os, com certificação e aprovação oficial, desde os 30 euros, insufláveis à boca, até menos de 300 euros, com insuflação automática, luzes de alerta, etc. Isto para venda ao público! Será que uma vida não vale 30 euros?

Vê-se que a falta de utilização dos coletes que promovem a segurança sem estorvarem o trabalho só acontece por ignorância ou aquele espírito portuga do "artista" que é o maior da rua dele.

As companhias de seguros, a quem se deve a maior parte do que está feito em matéria de segurança no trabalho, podiam ter um papel fundamental na solução deste problema. Oferecerem um colete insuflável por cada seguro de vida de pescador, introduzindo uma cláusula de não pagamento de qualquer indemnização por morte, caso o acidentado não tivesse o colete vestido.

Quando a informação não chega, tem de se usar outros métodos.