terça-feira, 3 de julho de 2007

Urgências

Ainda não tinha acabado a barulheira acerca das maternidades, já outra estalava. Agora a das urgências.
No entanto há uma diferença fundamental. O relatório que serve de base ao estabelecimento da nova rede de urgências é um documento bem elaborado, repetível e que apresenta, para cada caso, as razões do fecho, manutenção ou criação. Faz ainda o cálculo dos tempos de percurso em ambulância.
Se há ponto de controvérsia razoável é este. É que se calculam os tempos de percurso com a velocidade média de 60 km/h, independentemente do local. Ora, todos sabemos que há diferenças entre andar na A1 à 1 da manhã, no IC19 às 8H00 ou nas estradas da Pampilhosa da Serra com nevoeiro.
Há ainda a considerar o estado das estradas, sendo que algumas mais parecem "off road".
Pelos motivos já indicados no post anterior, gerou-se agora uma grande confusão entre SAP e urgência.
Que eu saiba, um SAP é um posto de atendimento permanente, que resolverá os problemas dos 85% de utentes que entupem as urgências sem motivos realmente urgentes e que consta de gabinetes de consultas e o que se poderá considerar uma sala de pensos mal equipada. Não tem qualquer apoio radiológico nem de análises clínicas, nem um simples electrocardiógrafo.
Realmente, de comum com as urgências "a sério" só terá o facto da disponibilidade permanente.
Não duvido do factor apoio psicológico para as populações, mas é um apoio enganoso.
Se houver uma crise cardíaca, por exemplo, ir ao SAP é uma perda de tempo precioso, pois, para além da indiscutível boa vontade, não dispõem de mais quaisquer meios para actuar.
Ainda na semana passada vi anunciado um estudo que concluira que uma grande parte dos SAP não tinha desfibrilhador. Graças a Deus que não têm e devemos todos rezar para que não venham a ter. Em post posterior explicarei porquê.
Quero esclarecer que não sou contra os SAP, desde que não os confundam com urgências, e que tenho o maior respeito pelo pessoal dos Centros de Saúde, que, com dificuldades de meios inimagináveis, todos os dias faz autênticos milagres e "filhozes de água" para atender os seus utentes.
Na minha opinião, o que faz falta para bom funcionamento da nova rede de urgências é uma rede INEM mais apertada e dotada de mais ambulâncias medicalizadas.

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