domingo, 12 de dezembro de 2010

Em defesa do emprego

A comunicação social está nestes dias a passar a ideia de que se prepara a criação de um fundo (estatal?) para ajudar as empresas nas indemnizações por despedimentos individuais, com o argumento de que, sendo o despedimento menos gravoso para as empresas, se atrairiam investimentos, aumentando o emprego.
Ora cá está uma chico-espertice tão típica do nosso mundo empresarial, ou melhor, patronal.
Está-se mesmo a ver alguns a despedirem as pessoas com promessa de indemnização, embolsarem o subsídio do fundo e desaparecerem.
Para combate ao desemprego, proponho que se mantenham as indemnizações por despedimento, uma vez que o trabalhador não tem culpa das asneiras da gestão ou do governo nem das vigarices financeiras, fazendo-se o seguinte contrato com as empresas: a empresa teria uma dedução do total de impostos a pagar na percentagem da variação percentual do número de trabalhadores no ano em causa.
Por exemplo, uma empresa que tivesse 100 trabalhadores a 1 de Janeiro e 110 a 31 de Dezembro, teria uma dedução de 10% nos seus impostos referentes a esse ano. Se, por outro lado, a empresa passasse de 100 trabalhadores para 90, teria um agravamento de 10% nos impostos.
Não acham uma proposta justa e que defenderia o emprego?

1 comentário:

Nuno Guimas disse...

Bem... por um lado nem todos os trabalhadores são exemplares ou têm brio profissional, mas por outro hoje em dia "joga-se" literalmente com o destino daqueles que trabalham, vendo em nome da "gestão óptima de recursos" apenas números e não individuos.
Esta treta de que é bom para as empresas poder despedir a torto e a direito acaba por ser financeiramente uma farsa, pois geralmente aqueles que são despedidos, pelo menos em termos de trabalho tecnológico de risco, são aqueles que mais dão a cara pela empresa, que mais lutam para que as coisas sejam feitas da melhor forma, que mais "arriscam" no fundo, pois na sua vontade de fazer trabalho válido e útil acabam por incomodar os "sobreviventes", os tais "chico-espertos" que tanto proliferam hoje por aí, cuja atitude é safarem-se a eles próprios, seja a que custo for, e com o menor esforço possivel.
Como são estes últimos geralmente aqueles que constituem lobbies dentro das empresas, que acabam por "emperrar" o seu bom funcionamento, gera-se um efeito engraçado pois o gestor pensa estar a despedir as causas do problema quando no fundo está a contribuir para o efeito.
É engraçado, não é?