segunda-feira, 28 de julho de 2008

Um Grupo impar

Em 1991, um grupo de portugueses a trabalhar em Macau, alguns com experiências em grupos de música tradicional, decidiu formar um grupo para dançar e cantar umas coisas lá da Terra, sempre bom pretexto para um são convívio. Assim nasceu o GDCCM, Grupo de Danças e Cantares do Clube de Macau.

Como a rapaziada gostava mesmo daquilo e o Mestre era dos melhores, atingiu-se um nível que levou ao apoio do governo do general Rocha Vieira como a imagem de marca da cultura portuguesa naquelas paragens.

E lá foram eles por tudo quanto era sítio, de Pequim a Wuxi (inauguração da réplica da Torre de Belém à escala 3/4), de Kagoshima e Osaka a Seul e Taejon (Expo 93 e lançamento, com o dr. Mário Soares, da Expo 98), de Bangkok e Ratchaburi a Singapura e muitos outros lugares das partes do Oriente, e até em Portugal.

Com a devolução de Macau à China, em 1999, grande parte dos elementos voltou aos seus lugares dos quadros em Portugal e o Grupo como que entrou em hibernação, tendo deixado em Macau um "filho", que se denomina Grupo de Danças e Cantares de Macau.

De vez em quando a hibernação é interrompida com o apelo de um ou mais elementos para um encontro. Faz-se um "refresh" do repertório, dão-se uns abraços e lá se entra em outro período hibernatório até à próxima.

Foi o que aconteceu no passado sábado, a convocatória para casa do Mestre Abel. Depois dos abraços de amigos daqueles que já vão rareando, que não se viam há vários anos, e do magnífico almoço, começou o "refreshment". Não me refiro só ao "branco", digno do próprio Baco.

Ouviu-se o inconfundível acordeão do Abel, que já acompanhou a "Menina" do Pedro Barroso e a "Ópera do Bandoleiro". Aquilo é magia! Parece que recuámos 10 anos no tempo! Esquecem-se os mais de 60 anos, as danças e as cantigas voltam à memória e vá de dançar e cantar de modo que nos espantou. Embora sem ensaios, certamente não nos envergonharíamos numa volta aos palcos... É que, com o Abel, o impossível já se fez no ano passado....

E com este sentimento de rejuvenescimento, já com a noite bastante avançada, lá nos despedimos para mais uma hibernação.
Obrigado, Abel!

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo Observador,
Foi um dia cheio de emoções..
E foram tantas as cantigas que repescámos, perdidas quase lá atrás na memória, enquanto os passos se acertavam na dança, como se sempre tivessem sido dançados.
Belo encontro de amigos e de memórias...
Beijos com o aroma da terra,
Tina