sábado, 2 de fevereiro de 2008

Jornalismo de investigação

Um jornal que se considerava sério e de referência publicou ontem uma notícia que o coloca ao nível dos mais notáveis pasquins tabloides a nível mundial: a história dos projectos do eng.º Sócrates, há 25 anos.

Devo dizer que tenho pelo eng.º Sócrates a mesma consideração que ele teve por mim, na qualidade de funcionário e reformado: enganado, desprezado e altamente prejudicado. Só que fico com dores no fígado em presença da nacional-mesquinhice-cusquice.

O escrevente pode atacar o homem como político e, certamente, terá muito por onde....

Já que pretendem fazer jornalismo de investigação, podem começar por investigar as denúncias do sr. bastonário da Ordem dos Advogados e mais umas dicas que lhes deixo aqui.

Há um político que se diz ter fanado uma galinha, quando vivia numa república em Coimbra. Outro, que também estudou em Coimbra, apanhou uma homérica bebedeira no cortejo da queima das fitas. Outro ainda, este de Porto, andou "de gunas" no eléctrico, quando andava no liceu. Diz-se ainda que o Presidente não pagou um café que tomou, há 40 anos, em Portimão.
Para finalizar, uma "caixa" que pode valer o prémio Pulitzer: consta que o Papa se masturbou quando tinha 13 anos...

Boas investigações e... tenham vergonha!

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro Guimarães, dei hoje com o seu blogue e não resisti a comentar este 'post', embora já tenha corrido muita tinta a propósito.

A notícia a que se refere e que se insere nos critérios do jornalismo de investigação não parece merecer os reparos que lhe faz.

O jornalista investigou e dá conta da investigação, contactou várias pessoas envolvidas em diferentes aspectos e dá conta dos contactos, questionou o visado e dá conta da resposta de Sócrates - enfim, cumpriu os preceitos.

Não entendo, pois, o que encontrou de errado no trabalho. Se tem maior ou menor importância relativamente a outras matérias, isso já é outra coisa: tem a importância que cada um quiser dar-lhe e, goste-se ou não, faz parte do escrutínio permanente a que os políticos eleitos (sobretudo) ou nomeados para cargos públicos estão naturalmente sujeitos.

Este caso nada retira a outros porventura mais importantes, evidentemente. Como já disse, também reconheço que só tem o interesse que quisermos dar-lhe. Mas lembro-lhe que se reporta a uma época em que Sócrates já é adulto e bacharel (pelo menos), bem como exerce uma profissão e tem um cargo político.

Posto isto, não vejo como podemos achar que o jornalista e o jornal em causa tenham de se envergonhar, sem estarmos a ser injustos. Não podemos ignorar que foram amplamente aplicados os códigos de conduta, quer deontológicos, quer éticos. Mesmo que a gente gostasse mais de ver investigados outros casos, está claro...