Fui passar o fim de semana a um terreno (não sei se tecnicamente é uma quinta) que um familiar comprou no concelho de Póvoa de Lanhoso, um pouco a Sul da barragem da Caniçada. Talvez já seja serra do Gerês.
O terreno tinha as ruinas de uma velha casa (4 paredes de granito ao alto) encaixada num recanto de um grande afloramento granítico redondo, com cerca de 20 m de diâmetro, no meio de uma floresta de pinheiros, eucaliptos e carvalhos.
Pode imaginar-se, há vários séculos, um abrigo de pastores feito com uns paus ao alto cobertos a colmo, que depois evoluiu para uma pequena casa de granito rústico, com dois pisos de pouco mais de 20 m2 cada um, o superior para as pessoas e o inferior para os gados (possivelmente caprinos e ovinos).
O meu familiar reconstruiu essa casa, mantendo todo o rústico existente, e alargando a construção, mas sem ferir a pedra existente. Resultou uma casa com algumas paredes interiores em granito rústico à vista, aproveitando até o rochedo existente, salas com uma rocha a sair de um canto, etc.. O telhado assente em vigas de madeira integra-se perfeitamente no ambiente.
Fora, num pequeno aterro suportado por muro de pedra rústica, construiu uma piscina com todos os necessários.
Na base da grande pedra há o espaço para a horta.
Quando ali estamos, sentimos estar realmente na natureza, já que a casa pouco sobressai daquela serrania majestosa.
Poderá dizer-se que não há aqui nada de notável. Eu acho que há.
Em face dos atentados paisagísticos e ecológicos a que assistimos todos os dias, temos aqui um exemplo de como se pode fazer uma coisa com qualidade sem ferir a paisagem, continuando simplesmente o que outros tinham feito no mesmo local.
Outras pessoas, teriam derrubado a casa existente, rebentado com a penedia para criar espaço e construído uma casa modernaça.
O meu familiar não é arquitecto e muito menos paisagista. É um homem que sente e compreende o apelo da terra e da natureza.
Um grande abraço de agradecimento para ele.
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