quinta-feira, 5 de julho de 2007

A vergonha das juntas médicas

Hoje, cerca das 11H30, quando ouvia um forum da Antena 1 sobre juntas médicas, a propósito do recente caso dos professores doentes de cancro que tiveram de trabalhar até à morte, ouvi declarações do sr. Bastonário da Ordem dos Médicos, que me deixaram estupefacto. Dizia o sr. dr, que as juntas médicas da Caixa Geral de Aposentações (CGA) são constituídas por médicos e um funcionário administrativo, cuja decisão é determinante em função da oportunidade financeira, para a Caixa, da aposentação e que não é necessária a presença do doente, uma vez que os médicos só avaliam os relatórios que lhes metem na mão, não interessando o estado real do doente.
Se me dissessem que isto se tinha passado na Coreia do Norte, na Roménia do sr. Ceausescu ou na Albânia do sr. Enver Oxa, não me tinha admirado muito.
Como acontece, em 2007, no país que está todo ufano porque preside à União Europeia, fico INDIGNADO e ENVERGONHADO!
Então os srs. drs. médicos assinam por baixo uma decisão "médica" de um administrativo?
Então um senhor que não é médico tem legalmente de estar presente num acto médico? E a privacidade do doente?
Onde estão a ética e a deontologia médicas? Só servem para defender privilégios e horas extraordinárias nas urgências?
E a tão zelosa Ordem dos Médicos ainda não proibiu os profissionais de entrar nesta palhaçada, porquê?
Diz o sr. bastonário que vão fazer formação específica para médicos das juntas. Não me digam que é mais uma especialidade, com internato e tudo....
O governo, lava as mãos do problema, dizendo que é um assunto interno da CGA. E de quem é a tutela da CGA? Do sr. Pinto da Costa? Já agora, aproveitem...
Escusam as carpideiras políticas do costume de vir agora mostrar a sua indignação, porque todos os partidos parlamentares, excepto o Bloco de Esquerda, já estiveram no governo e, portanto, são coniventes na situação.

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