segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Vergonha!

Depois de ler a notícia http://jn.sapo.pt/2007/10/21/porto/guineense_denuncia_acto_racista_plen.html, chego às seguintes conclusões:
- Depois de 33 anos de liberdade de informação, na cristianíssima Braga ainda há uma família (pelo menos uma!) de mentecaptos que julgam haver superioridade rácica ou pessoal num mundo minimamente decente. Só não lhes chamo bestas quadradas para não ofender os pobres animaizinhos que devem ter princípios superiores aos deles.
- A PSP descarta-se atrás do "Estado de Direito", argumentando com as referências jurídicas do costume.
- A ofendida perguntará, como eu ou qualquer outro menos versado nos insondáveis mistérios dos códigos jurídicos: então para que serve a Polícia?
- É óbvio que a culpada é a senhora guineense, que devia ter lido todos os Diários da República (e antes os Diários do Governo) desde o n.º 1 e ser, pelo menos, licenciada em Direito.
- Tenho vergonha!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Professores, espiritismo e espaço-tempo

De há uns meses para cá, temos tido notícias de factos verdadeiramente extraordinários, envolvendo os professores.
Tais factos, por estarem muito fora do que seria de considerar normal nos dias de hoje, merecem que os analisemos.
Comecemos por enumerá-los:
- Caso de bufaria na DREN;
- Atitude feudal da sr.ª ministra e demais dirigentes do Ministério da Educação;
- Atitude corporativa e retrógrada do Sindicato dos Professores, ao não aceitar como normal que a carreira docente tenha uma estrutura hierárquica, como todas as outras da Função Pública incluindo os docentes do ensino superior, confundindo igualdade com igualitarismo, como se estivéssemos no PREC de 1975;
- Declarações do sr. Primeiro-Ministro, considerando todos os que não concordam com ele como comunistas;
- Visita preventiva da PSP ao Sindicato dos Professores, na Covilhã;
- Justificação da sr,ª Governadora Civil de Castelo Branco, afirmando que aquela visita era perfeitamente normal em véspera de visita de membros do governo.
Analisando estes factos, surgem-me, como em qualquer estudo, duas hipóteses que mutuamente se excluem:
- HIPÓTESE A: Os membros do governo em questão não são democratas e defendem atitudes próprias de regimes totalitários e a direcção do Sindicato dos Professores é composta por pessoas totalmente fora da realidade de um estado democraticamente organizado.
- HIPÓTESE B: Estamos perante fenómenos de mediunismo e de enrugamento do contínuo espaço-tempo.
A hipótese A deve obviamente ser rejeitada, por absurda, ridícula e sem qualquer relação com a realidade.
Já a hipótese B é muito mais plausível. De facto, tudo leva a crer que haja fenómenos de mediunismo (possessão por espíritos) e perigoso enrugamento do contínuo espaço-tempo. Se não, vejamos:
MEDIUNISMO- As declarações do sr, primeiro-ministro em Montemor-o-Velho, atribuindo a qualidade de comunistas a todos os que mostravam desagrado pela governação. Pelo que foi dito, não era certamente o responsavel máximo pelo P.S. que estava a falar. Devia estar possuído pelo espírito daquele senhor de Santa Comba, cujo espírito deve pairar pelas margens do Dão e do Mondego, e que dizia a mesma coisa.
Também os polícias que foram visitar o Sindicato na Covilhã deviam estar possuídos por espíritos de antigos agentes da PIDE, que por ali andavam quando a Covilhã era um importante centro operário, com a perigosa vizinhança do Jornal do Fundão.
ENRUGAMENTO DO ESPAÇO-TEMPO - Aqui cabem os casos de bufaria, atitudes feudais da sr.ª ministra da Educação e demais dirigentes do ministério, atitude retrógrada do Sindicato dos Professores e justificação da sr.ª Governadora Civil de Castelo Branco e todos os factos obviamente fora do tempo actual. Não há dúvida que o contínuo espaço-tempo deve estar enrugado como um papel que se enruga na mão, fazendo coincidir pontos da folha que normalmente estariam muito afastados.
Não sei se Einstein previu esta hipótese, mas parece-me merecer ser tema de uma tese de doutoramento (há piores...).
Como tal estudo exigirá cientistas do mais alto gabarito, proponho desde já licenciados pelas universidades Independente, Moderna e Internacional.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Os professores e os incentivos à natalidade

Aquilo que disse no post "Educação feudal" caiu-me em casa.
A minha nora, educadora de infância com um filho de 12 meses de idade, foi colocada num Jardim de Infância numa freguesia, de cuja existência nem desconfiava, a 120 km da residência.
Até aqui nada de anormal, dentro da "normalidade" do nomadismo dos professores.
Quando ela, dada a grande dificuldade, risco e custo de deslocação diária de 240 km, se preparava para alugar um alojamento lá na terra e colocar o filho numa creche, chegou à conclusão de que a creche mais próxima fica a 16 km e pertence a uns senhores a quem a A.S.A.E. já encerrou uma outra creche por falta de condições de higiene. Resumindo, não há creche.
Em 2 períodos de 6 horas que passei nessa localidade percebi porque é que não há nem haverá creche. Falta "massa crítica". Não há bebés!
Para solucionar o problema, uma vez que, com a aproximação do Inverno, cada vez o acesso à localidade será mais difícil, solicitou superiormente autorização para levar o filho para o Jardim de Infância. Foi-lhe negada a autorização.
Perante esta situação, solicito que alguém me responda às seguintes questões:
- O Ministério da Educação pertence ao mesmo Governo que alardeia recentes incentivos à natalidade?
- Depois de se aproveitarem os incentivos, que se faz aos bebés filhos de professoras? Metem-se num saco e deitam-se ao poço, como faziam aos gatos?
- Será que é o modo de se livrarem das professoras, que poderão ter de acabar por se demitir, contribuindo assim para a "reforma da Administração Pública"?
- Ainda haverá neste país algum político com um mínimo de coerência e vergonha na cara?

A A.S.A.E. e os hospitais

Hoje foi notícia de manchete o encerramento das cozinhas de 3 hospitais pela A.S.A.E..
Não ponho minimamente em causa as razões dos encerramentos que, certamente, só pecarão por defeito.
As causas são a extinção compulsiva, há mais de 10 anos, das cozinhas hospitalares, entregues à exploração de privados, cujo objectivo óbvio e natural é a obtenção das maiores receitas com as menores despesas, aliada a décadas de falta de investimento em tudo o que não dê notícia de abertura de telejornal.
Interessante é o facto de, tanto a A.S.A.E. como a Inspecção do Ambiente, só actuarem sobre os hospitais depois de passarem a empresas e não enquanto serviços da Administração Central.
Isto é, passaram-se os hospitais a empresas para desorçamentar as respectivas despesas (sempre o sacana do défice!) e agora aplicam-se-lhe coimas para ainda sacar mais uns trocos para as receitas do orçamento.
Não me lembra de ver noticiado que as inspecções tenham actuado sobre quartéis ou estabelecimentos prisionais, onde certamente encontrariam sobejas razões de acção.
Porque será que , tanto os edifícios militares como os da segurança, ficaram isentos das obrigações da nova legislação da certificação energética?
A defesa da saúde pública e do ambiente é só parcial?