quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A greve na Função Pública

Quando já se anuncia mais uma greve, como expressão do mais que justificado protesto dos funcionários perante um governo prepotente e insensível, venho fazer uma reflexão sobre a utilidade desta forma de luta no caso da Função Pública e de outros sectores de serviços de utilidade social.

Se procurarmos perceber qual a génese da greve como forma de luta dos trabalhadores, somos levados à era industrial, como forma de pressionar o patronato.
Os lucros do patrão são resultado da venda da produção. Se não produzirmos, o patrão vê os seus lucros diminuídos e tentará um acordo com os trabalhadores que, embora lhe diminua eventualmente os lucros, ainda lhe deixa alguns.
Em resumo, a greve prejudica o patrão, mas poderá trazer benefícios aos trabalhadores.

Vejamos agora o caso das greves de serviços públicos. Embora o "patrão" seja o Povo, a greve é contra o "feitor da quinta", isto é, o governo.
Neste caso, os utentes dos serviços não são atendidos, o que lhes poderá acarretar grandes prejuízos. Estou a ver as pessoas de aldeias que se levantam de madrugada para irem à consulta a uma cidade, gastam uma importância considerável em transportes e vêem os seus propósitos gorados. Claro que não culparão o governo, mas sim os grevistas.
O governo, com a habitual insensibilidade social, está-se nas tintas e até poupa uns trocos em energia eléctrica e papel.
Os grevistas não ganham os dias de greve. O governo arrecada uns milhões de euros.
Resumindo, neste caso, a greve não afecta aqueles que se querem afectar, mas os próprios grevistas e o Povo, que não merece, embora possa dar um grande espectáculo na comunicação social.

É portanto necessário arranjar uma forma de luta que "doa" ao governo e não prejudique os utentes.
Que tal, se em determinada semana se cumprissem estritamente as leis e os regulamentos? Como muitos são contraditórios e desadaptados da actualidade e da realidade, iria criar-se um "nó cego" que, esse sim, iria doer muito ao governo.