sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Mais explicações esfarrapadas...

Divirto-me a ouvir e ver alguns dos diversos debates políticos apresentados na rádio e TV. Podem crer que são um valioso contributo para o anedotário nacional, rivalizando alguns com os mais cotados humoristas.
Ora vejam só estes primores:

Um senhor, com alto cargo no ministério da Educação, explicava o facto de os miúdos hoje saírem do 4.º ano de escolaridade a saber muito menos que nós à saída da 4.ª classe, com o prolongamento da escolaridade obrigatória. Esclarecia o senhor que, como antigamente a maioria ficava somente com a 4.ª classe, tinham de aprender o mais possível até essa altura. Hoje, com a escolaridade até ao 9.º ano, têm mais 5 anos para aprender.

Não é notável?

Segundo a teoria exposta, com o prolongamento da escolaridade obrigatória não se pretende ensinar mais aos jovens. Pretende-se ensinar o mesmo em mais tempo!!!!

Quem teve esta ideia, deve ter ficado cheio de dores...nos pés.

Outra conclusão extraordinária prende-se com o facto de os aposentados da Função Pública descontarem para a A.D.S.E. sobre os subsídios de Natal e 14.º mês, ao contrário dos funcionários do activo que não descontam. Em Abril passado, em frente às reportagens televisivas, o sr. Ministro das Finanças, posto perante esta desigualdade, declarou que o assunto se iria resolver.

Apareceu agora a resolução. Não só se mantém o desconto para os aposentados, como se estenderá aos funcionários que entrem de novo.

Um senhor com sorriso alvar, que julgo ser Secretário de Estado, argumentava que se tratava de uma recomendação do senhor Provedor de Justiça e que, descontando os funcionários do activo 1,5% para a A.D.S.E. e os aposentados 1%, 1% x 14 é menos que 1,5% x 12, pelo que os aposentados ainda estavam em vantagem.

Brilhante matemático!

A lei que determinou o desconto dos aposentados para a A.D.S.E. estabelece que o desconto se inicie por 1% em 2007, aumentando progressivamente 0,1% ao ano até atingir os 1,5% dos funcionários do activo. Assim, o desconto actual é de 1,1%. A partir de 2010, já os reformados passam a descontar mais que os colegas do activo, excepto os que entrem de novo.

O senhor do sorriso alvar, ou ignora a lei, ou está a enganar deliberadamente as pessoas.

Se ignora a lei, merece a designação adequada. Se está a enganar deliberadamente as pessoas, isso também tem nome...

Quanto à recomendação do sr. Provedor de Justiça, acredito que fosse no sentido de acabar com a desigualdade de tratamento. O Governo nivela por baixo...

No entanto, surge deste triste facto uma nova teoria:

Se tiver um furo num pneu do carro, não repare esse pneu. Fure os outros 3!

Igualdade Teixeira-style!