Os digníssimos políticos que dizem representar-nos, para tentar sair da trapalhada em que se meteram com as portagens nas SCUT, conseguiram uma coisa notável: embrulharam-se numa trapalhada ainda maior.
Aquela ideia de isentar os habitantes de alguns concelhos é digna de quem não faz ideia do que seja o país. Vamos a um exemplo concreto. Já sei que eles odeiam casos concretos, mas as pessoas são concretas e almoçam, jantam e vestem coisas concretas, por muito que os irrite.
Tomemos por exemplo um milionário que viva em Ílhavo, na zona da Marona, e vá de 3 em 3 meses ao Porto. Segundo a proposta do governo não pagaria portagens. Nas traseiras da sua casa, Bonsucesso, concelho de Aveiro, vive um técnico informático que trabalha no Porto, tem um vencimento de 1.000 €, com ida e volta diária. Pagará cerca de 200 € mensais, 20% do vencimento. São estas as considerações sociais? Olha se não fossem...!
Depois veio a ideia de, com base no mesmo conceito concelhio, isentar as 10 primeiras passagens, taxando as seguintes com um desconto de 15%, beneficiando nitidamente os utilizadores ocasionais. O nosso milionário de Ílhavo continuaria a não pagar nada e o técnico, utilizador diário, pagaria cerca de 120 € mensais (12% do vencimento). Só até 2012!!!
Não seria mais inteligente, se tiver mesmo de haver portagens, acabar com a diferenciação entre SCUT e auto-estradas normais, esquecer as diferenças, sempre discutíveis, entre concelhos e estabelecer para todas um regime de redução de custos para utilizadores frequentes semelhante ao dos passes dos transportes colectivos?
Será muito complicado perceber isto?
sábado, 10 de julho de 2010
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